As obras Shoujo e Josei estão ganhando adaptação em anime – e é importante

Usagi Tsukino, protagonista de Sailor Moon / Naoko Takeuchi
Usagi Tsukino, protagonista de Sailor Moon / Naoko Takeuchi

As obras Shoujo e Josei estão ganhando adaptação em anime – e é importante

Normalmente, uma série de mangá só é adaptada para animação se ganhar um prêmio e tiver um grande público leitor. Muitos títulos shounen, como por exemplo Bleach, One Piece e Naruto, cativaram o público com suas sequências de construção de mundo cheias de ação e personagens carismáticos, tornando mais fácil atingir esses marcos. Infelizmente, as demografias shoujo e josei não receberam o mesmo tratamento.

Mesmo que uma série seja um sucesso, os fãs terão que esperar anos por uma possível adaptação animada. De qualquer modo, já não é este o caso. Como o anime e o mangá cresceram em popularidade, também cresceram os nomes de meninas e meninas. Aqui está uma olhada na trajetória ascendente dessas séries e por que seu surgimento é tão importante.

Uma Breve História dos mangás Shoujo e Josei

Na década de 1950, os mangás shoujo – quadrinhos japoneses voltados para meninas – foi reconhecido como uma categoria oficial de mangá. Muitos dos artistas eram homens até a década de 1960, período durante o qual surgiram as criadoras de mangás shoujo. Essas artistas desenvolveram um estilo de arte único, incorporando a estética kawaii e a narrativa com tramas dramáticas e personagens emocionais exagerados.

No entanto, não foi até a década de 1970 que a popularidade do mangá shoujo atingiu uma “Era de Ouro”. A Rosa de Versalhes, de Riyoko Ikeda, redefine gênero e sexualidade ao apresentar os primeiros personagens masculinos andróginos bi-shonen. As décadas de 1980 e 1990 viram a criação de outros subgêneros do shoujo. Josei é outra categoria demográfica como shounen e shojo, cujo conteúdo é direcionado a mulheres adultas. O mangá Josei é como shoujo, mas lida com temas mais maduros. Podemos brincar, dizendo que safadezas, por exemplo, é por aqui mesmo.

Contudo, já na década de 2000, as duas demografias passaram por uma mudança significativa na produção, à medida que as editoras adaptavam suas séries de mangá para filmes, musicais e dramas de TV. Com esses formatos multimídia, as demografias encontraram um novo lar e aumentaram sua popularidade.

Narrativas de amor recicladas causaram a tendência descendente da série Shoujo e Josei

Os mangás shoujo e josei se concentram principalmente no romance. Antes de continuarmos, tem uma observação importante: romance não é uma trama exclusiva dessas demografias, já que seinen também pode trazer muitas comédias românticas. Kaguya-Sama e Tomo-Chan is a Girl são obras seinen, por exemplo. Além disso, Mahō shoujo é um subgênero do shoujo que apresenta personagens guerreiras e com poderes mágicos, incluindo a famosa obra Sailor Moon.

Continuando: Os mangás shoujo e josei se concentram principalmente no romance. No entanto, ao longo dos anos, essas histórias de romance se tornaram redundantes usando a mesma narrativa e tropos, apenas com personagens diferentes.

Um exemplo de histórias de amor repetitivas é o relacionamento florescente entre a garota estranha e quieta e o cara popular e otimista em séries como Kimi ni Todoke: From Me to You. Assim como várias outras séries, a obra possui uma protagonista feminina repetitiva que se parece com a Sadako de The Grudge, tornando-as inacessíveis para os outros. Entretanto, com a ajuda do estudante popular, a heroína aprende a amar quem ela é e a fazer amizade com os outros.

Quantos animes e mangás você já viu com esse roteiro? Até hoje, tem algumas obras assim, não é mesmo?Bastante repetitivo. Ou seja, os fãs de mangás e animes têm visto esse romance narrativo com alta frequência. Sempre que há uma tendência de subgênero popular no anime, isso inclui uma produção em massa de séries de anime com conteúdo semelhante. Essa é a maior questão aqui: a produção em massa de narrativas recicladas.

Dessa forma, os mangás shoujo e josei também permaneceram conservadores em relação aos papéis de gênero. As protagonistas femininas retratam um tímido papel de ‘donzela em perigo’ e buscam a orientação e o cavalheirismo de seus colegas masculinos. Essas séries transmitem aos leitores os papéis que homens e mulheres desempenham na sociedade: alguns espectadores podem achar essas normas de gênero desinteressantes, pois não se encaixam nos tempos de mudança da atualidade.

O ressurgimento de protagonistas femininas assertivas

Recentemente, houve uma tendência crescente de adaptações de anime das duas demografias em questão. Muitos acreditam que uma razão particular é aproveitar o sucesso das narrativas românticas das demografias seinen e shounen. Lembra que eu falei ali em cima das obras românticas seinen? Pois é! Só que, nem sempre, as protagonistas seinen são garotinhas indefesas e completamente inúteis.  A própria Tomo-chan é uma completa moleca que luta karatê e, por isso, seu crush a vê como rapaz. Só como “parça”. É, a coitada está na friendzone, como os memes dizem. Precisou de demografias voltadas ao público masculino para criar personagens femininas independentes, ou que não sejam inúteis.

Lembra que todo mundo reclamava que a Sakura Haruno, de Naruto, era retratada como garota inútil? Mais pessoas aprenderam com isso e colocaram mais personagens femininas interessantes. Tanto que Psychic Princess (2019) tem como protagonista a Qian Yunxi, uma das personagens femininas mais legais da atualidade.

Além disso, o subgênero isekai se expandiu para contar histórias sobre vilões e protagonistas femininas. E mesmo que não sejam elas as protagonistas, os homens gostam de ter mulheres fortes ao seu redor. Por exemplo, Kevin de Black Summoner é um viciado em batalha, cujo critério para montar seu grupo era ser bastante forte. Por coincidência, ele encontrou principalmente garotas que conseguissem acompanhá-lo em batalha. Ou seja, é um monte de garota que bate nos caras se for preciso!

Já existiam antes, mas…

Protagonistas femininas assertivas existem em obras shoujo e josei há muito tempo, mas só agora estamos vendo um interesse nessas séries. E claro, está tendo mais obras recentes que estão assertivas assim. Os espectadores atuais podem se identificar com protagonistas femininas obstinadas e independentes, que priorizam seu bem-estar antes do romance.

A série em anime Nana é um clássico, não tão atual mais, mas ainda é usado bastante de exemplo porque tem duas jovens contemporâneas com o mesmo nome vivem juntas em Tóquio e estão tentando navegar em seus relacionamentos e encontrar seu lugar no mundo. Claro, a obra também tem seus romances, mas foca mais na amizade – e até no trabalho delas. Osaki Nana é vocalista de banda de rock. Até vou deixar aqui uma música do anime Nana para vocês aqui. Se você gostar desse som, dê uma chance a esse anime sensacional:

Parece apenas uma questão de tempo até que os fãs de anime e mangá testemunhem outra “era de ouro” para as demografias shoujo e josei. Não será muito difícil: até a plataforma de streaming Crunchyroll já separa as séries em anime shoujo, onde você poderá encontrar títulos diversos, como Yona of the Dawn, My Little Monster, Cardcaptor sakura, Shugo Chara e Fruits Basket.

Quer saber mais sobre as demografias de anime? Se sim, então confira em nosso portal: Os gêneros e demografias de animes e mangás. Você também poderá ler: 5 mangás que você precisa ler!

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Austra Caroline

Come to the Dark Side. We have coffee with cookies! ☕ Sou Arqueóloga e estudante de História, com atuação como Educadora Patrimonial, onde busco preservar e compartilhar o valor do nosso patrimônio cultural. Além disso, sou redatora em sites voltados para conteúdo nerd, Geek e cultura pop, sempre explorando o universo da cultura geek com entusiasmo. Sou apaixonada por jogos de Hack & Slash, com destaque especial para a série Devil May Cry, que alimenta minha paixão pelo gênero. Nas horas vagas, também me dedico à escrita, onde expresso minha criatividade e amor pela narrativa.

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