Antagonismo: Diferenciando o Antagonista do Vilão em Obras de Ficção

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Antagonismo: Diferenciando o Antagonista do Vilão em Obras de Ficção

No universo vasto das obras de ficção, o papel do antagonista muitas vezes é mal compreendido, sendo erroneamente equiparado ao vilão. Por mais que realmente coincida de serem a mesma pessoa em muitas obras, é errado dizer que isto é necessariamente uma regra. O que seria o antagonismo? Essa é a pergunta de muitos. Considerando que já tem algum tempinho que estou vendo várias pessoas com essa dúvida nas redes sociais, então decidi trazer aqui para a Nii-Sans Produções o realmente significa ser um antagonista e como esse conceito se diferencia do papel de vilão em uma narrativa.

O Que é Ser um Antagonista?

Ser um antagonista não é o mesmo que ser um vilão. Enquanto o vilão representa o mal, frequentemente em oposição direta ao protagonista ou aos valores centrais da história, o antagonista desafia ou cria obstáculos para o protagonista, impulsionando o conflito narrativo. Em outras palavras, o antagonista pode ser um elemento crucial para o desenvolvimento da trama, sem necessariamente ser maligno. É apenas pensarmos em uma história narrada pelo ponto de vista de um vilão. Considerando Hannibal Lecter como o protagonista do livro de Thomas Harris e de suas respectivas adaptações para filmes e série. Será que ele, um assassino em série e canibal, virou o mocinho da história por ser o protagonista, enquanto os policiais que o investigam são os vilões já que são os antagonistas da história? Ou os policiais entram necessariamente no quesito de criar obstáculos para Hannibal, considerando que precisam prender assassinos?

Outro exemplo que eu posso citar é o caso do Eren Yeager, o protagonista da série de mangá Attack on Titan criada por Hajime Isayama. Vejo a comunidade de fãs de animes debatendo muito sobre ele: Eren é herói, anti-herói ou vilão? E, em qualquer uma dessas opções, ele permanece necessariamente o protagonista, ao mesmo tempo que não podemos falar que grandes titãs comedores de gente não seriam nada bonzinhos.

 

Outros Exemplos na Mídia

Para ilustrar essa distinção, consideremos exemplos recentes e equívocos comuns:

Wandinha: Um Caso de Antagonismo Mal-Entendido

Jenna Ortega como Wandinha Addams. Reprodução / Netflix
Jenna Ortega como Wandinha Addams. Reprodução / Netflix

Recentemente, surgiram debates sobre a série Wandinha, onde a personagem Bianca Barclay, interpretada por Joy Sunday, foi erroneamente rotulada por parte do público. Na série, Wandinha Addams vai para a Escola Nunca Mais. Acostumada a ser a única perfeita em tudo o que faz, seja na música, seja na esgrima ou qualquer outro exemplo, ela encontra uma garota que a desafia: Bianca Barclay, a garota mais popular e perfeita da escola.  Sim, ela seria a antagonista da Wandinha Addams (Jenna Ortega), considerando que agora elas estudam juntas e uma se tornou o obstáculo da outra.

Nisto, muitos disseram que seria racismo justamente Bianca ser a vilã, devido à sua etnia. Ainda mais tendo o envolvimento de Tim Burton na série, que foi considerado por grande parte do público como racista.  A polêmica vem dessa entrevista que Tim Burton concedeu para Rachel Simon em 2016 (a partir do fato obvio de que ele não escalara atores não brancos até então): Tim Burton Explains Why ‘Miss Peregrine’s Home For Peculiar Children’ Features A Predominantly White Cast (bustle.com).

No entanto, a série foi criada e produzida por Alfred Gough e Miles Millar, que trouxeram uma diversidade étnica muito boa. E, claro, a série apresenta uma clara distinção entre quem são protagonista, antagonista e vilões. Bianca Barclay desempenha um papel de oposição à protagonista de maneira não maléfica, não a classificando como vilã, mas sim como antagonista exclusivamente nas salas de aula. Entretanto, Bianca chega até a ajudar nos problemas relacionados aos reais vilões da série. Além disso, muitos amaram o fato de que justamente a garota negra é a garota mais bonita e talentosa da escola.

 

Death Note: Protagonismo e Antagonismo

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Um equívoco comum ocorre ao discutir Death Note, onde alguns erroneamente rotulam Kira como protagonista e antagonista simultaneamente. Kira, na verdade, é o protagonista da história, enquanto L e os investigadores são os antagonistas que se opõem a ele. Isso demonstra que o protagonista não necessariamente age como mocinho, desafiando noções convencionais de heroísmo e antagonismo. Kira é mais um que gera debates há anos: ele é herói, anti-herói ou vilão? A tendência é afirmar que seja ou um anti-herói, por querer exterminar preferencialmente os criminosos para que as pessoas comuns vivam em paz, ou o vilão,  considerando que assassinato sempre será errado. De qualquer forma, é errado dizer que Kira é o antagonista por ser mal, pois na própria obra trás antagonistas que são pessoas gentis e que desejam justiça.

 

Em resumo, é essencial compreender que o antagonista não é simplesmente o vilão da história. Por mais que possa coincidir em muitas obras, não é uma regra e sim apenas porque acostumamos com protagonistas bonzinhos e super-heróis. Um antagonista desempenha um papel crucial na construção do conflito narrativo, muitas vezes desafiando o protagonista de maneiras que vão além da simples maldade. Ao discernir entre antagonista e vilão, enriquecemos nossa compreensão das dinâmicas complexas que moldam as narrativas que tanto amamos na ficção.

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Austra Caroline

Come to the Dark Side. We have coffee with cookies! ☕ Sou Arqueóloga e estudante de História, com atuação como Educadora Patrimonial, onde busco preservar e compartilhar o valor do nosso patrimônio cultural. Além disso, sou redatora em sites voltados para conteúdo nerd, Geek e cultura pop, sempre explorando o universo da cultura geek com entusiasmo. Sou apaixonada por jogos de Hack & Slash, com destaque especial para a série Devil May Cry, que alimenta minha paixão pelo gênero. Nas horas vagas, também me dedico à escrita, onde expresso minha criatividade e amor pela narrativa.

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