Você precisa MUITO assistir ao clássico do cinema O Sétimo Selo (1957)

O Sétimo Selo (1957), dirigido pelo cineasta sueco Ingmar Bergman, é amplamente reconhecido como um dos maiores clássicos do cinema mundial. Trata-se de um filme que transcende seu tempo e continua sendo relevante e impactante, mais de seis décadas após seu lançamento. Com uma narrativa filosófica e visualmente icônica, Ingmar  Bergman explora temas profundos como a mortalidade, a fé e o sentido da vida, envolvendo o espectador em uma jornada existencial única. A primeira vez que assisti ao filme foi na época das locadoras – peguei emprestado o DVD e assisti em casa. Agora, fico sempre querendo reencontrar o filme oficialmente nos streamings.

O enredo é ambientado na Suécia medieval durante a peste negra, e segue a história de Antonius Block (Max von Sydow), um cavaleiro que retorna das Cruzadas desiludido e à procura de respostas sobre a existência de Deus e o propósito da vida. A trama se desenvolve quando Block encontra a Morte, personificada por Bengt Ekerot, em uma das cenas mais simbólicas e lembradas da história do cinema: o jogo de xadrez entre o cavaleiro e a Morte. Esse jogo se torna uma metáfora para a luta do ser humano contra a inevitabilidade da morte e seu desejo de ganhar tempo para encontrar respostas antes de seu fim.

Reflexão sobre a Morte e a Existência

Um dos aspectos mais notáveis de O Sétimo Selo é a maneira em que o filme confronta a questão da morte. Diferente de muitos filmes da época, que retratavam a morte de maneira simbólica ou evitavam lidar diretamente com a questão, aqui a morte é uma personagem real, que interage com o protagonista. Eu simplesmente amo esse detalhe. Essa abordagem direta dá ao filme uma qualidade atemporal, pois todos nós, em algum momento, nos deparamos com a inevitabilidade da morte e o mistério do que, se algo, nos aguarda após ela.

Antonius Block é um personagem profundamente atormentado pela dúvida. Após participar das sangrentas Cruzadas e testemunhar a devastação da peste, ele se pergunta onde está Deus em meio a tanto sofrimento. Sua busca por respostas representa o dilema humano universal: como encontrar sentido em um mundo repleto de dor e incerteza? A busca de Block, marcada por seu silêncio e introspecção, faz eco ao sentimento de muitos espectadores, especialmente aqueles que também se sentem desorientados ou abandonados em momentos de crise espiritual ou existencial.

Além de Block e da Morte, O Sétimo Selo apresenta uma série de personagens secundários que ajudam a contrastar a sombria busca do cavaleiro com as diversas reações humanas à vida e à morte. Jof (Nils Poppe) e sua esposa Mia (Bibi Andersson) representam uma visão mais esperançosa e simples da vida. Jof, que tem visões de figuras divinas, personifica a fé inocente, enquanto Mia se ocupa com os prazeres simples e cotidianos de ser mãe e esposa. Eles oferecem um contraponto ao desespero de Block, sugerindo que a alegria pode ser encontrada nas pequenas coisas, mesmo em tempos de grande incerteza.

Há também personagens como o escudeiro Jöns (Gunnar Björnstrand), que, com seu ceticismo e humor ácido, traz um tom irônico e às vezes cômico ao filme. Jöns não busca as grandes respostas que Block deseja, preferindo viver o presente sem se preocupar tanto com o futuro ou com o que virá após a morte. Sua atitude pragmática e sarcástica serve como outro contraste, enfatizando a pluralidade de respostas possíveis para as grandes questões existenciais.

A Alegoria do Jogo de Xadrez

A famosa cena do jogo de xadrez entre Block e a Morte é carregada de simbolismo. O jogo representa a luta interna do ser humano com sua mortalidade. No entanto, não é uma luta violenta ou desesperada; é uma disputa intelectual, silenciosa e paciente. Block tenta ganhar tempo, estender sua vida, não apenas por medo da morte em si, mas porque sente que ainda não encontrou as respostas que procura. Ele deseja ver além do véu da existência e entender o mistério que o atormenta. A Morte é fria, mas não maliciosa. Ela é inevitável, imparcial e muitas vezes irônica, refletindo a ideia de que a morte chega para todos, independentemente de suas crenças, ações ou posição na vida. Bergman constrói a relação entre Block e a Morte de forma a questionar se a fé e a razão podem, de fato, nos oferecer algum consolo diante do inevitável.

 Legado

Desde seu lançamento, O Sétimo Selo influenciou gerações de cineastas e pensadores. O filme consolidou Ingmar Bergman como um dos grandes mestres do cinema, assim como desafiou o público a refletir profundamente sobre a vida, a morte e o que significa ser humano. Se você nunca assistiu a O Sétimo Selo, prepare-se para uma experiência cinematográfica que transcende o entretenimento. É um filme que nos convida a confrontar nossas próprias dúvidas e medos, e a buscar, assim como Antonius Block, algum vislumbre de significado no caos da existência.

Trailer de O Sétimo Selo (1957)

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