Hey, galera! Tudo bem com vocês? Então, hoje eu vim aqui para falar um pouco sobre o que Stan Lee pensava sobre a diversidade nas HQs, me inspirando em outras publicações que vi por aí. Eu estou acompanhando diversas publicações na internet, discussões e até mesmo tretas variadas, e por exemplo está tento muita treta relacionada à série Loki. Sempre que a empresa anuncia qualquer revista, filme, personagem ou mesmo equipe criativa com um perfil mais diverso (seja autores gays ou um desenhista negro contratados na Marvel), surgem comentários zoados, como por exemplo: “Stan Lee se revira no caixão” ou “foi só o Stan Lee morrer que a Marvel virou baderna“.
Certamente esse tipo de comentário não condiz em nada com a realidade, pois afinal o Stan Lee sempre foi muito à frente do seu tempo. Um visionário de muitas maneiras. Como muitos dizem, não é a toa que ele criou Peter Parker e até mesmo os X-Men, uma equipe que jurou proteger aqueles que os temem.
É complicado já responder a pergunta sem falar antes um mínimo do trabalho do autor, então vamos lá! Em primeiro lugar, vamos lembrar que ele foi escritor, editor, publicitário, produtor, diretor e empresário dos Estados Unidos. Stan Lee também foi editor-chefe e presidente da Marvel Comics.
É válido lembrar também que Stan Lee escreveu quadrinhos de sucesso para a Marvel principalmente entre as década de 1960 e 1970, sendo suas últimas revistas regulares O Espetacular Homem-Aranha #110 e Quarteto Fantástico #125. A partir de então ele passou a escrever menos e se focar como editor, seguindo na Marvel até a década de 1990, mesma década que se desligou e parou de ter qualquer influência direta nas histórias em quadrinhos.
Ou seja, mesmo antes de vir a falecer, Stan Lee já estava há anos com pouco envolvimento com a Marvel, mas claro: participava de eventos, dava palestras e participava de seções de autógrafos. Ah, e claro também que Stan Lee certamente fazia algumas participações especiais nas longa metragens!
O documentário Por trás da Máscara, disponibilizado no Disney+, exibe um dos Soap Box do Stan Lee. Para quem não conhece o termo, Soap Boxes é um tipo de coluna em que o autor publicava nas páginas das HQs da Marvel, contando as suas opiniões. Confira então o que ele tinha a dizer sobre a diversidade em um texto de 1980:
“Pensem comigo, pessoal. É hora da filosofia! A natureza humana não muda. É o ambiente. O fato é que o mundo está mudando muito, produzindo novas regras cada vez que você pisca. Nenhum de nós é diferente. Todos queremos as mesmas coisas da vida. Segurança, diversão, romance, amizade e o respeito de todos.
Isso serve para indianos, chineses, russos, judeus, árabes, católicos, protestantes, pretos, marrons, brancos e Hulks de pele verde. Vamos parar de desperdiçar tempo odiando os outros caras. Olhe no espelho, senhor. O outro cara é você.
Excelsior. Stan“.
Em outra coluna de 1970, Stan Lee deixou sua percepção de que os quadrinhos não devem ser puramente entretenimento vazio, mas que é preciso instigar o leitor a pensar e refletir:
“Parece-me que uma história sem mensagem, por mais subliminar que seja, é como um homem sem alma. Na verdade, mesmo a literatura mais escapista de todas – contos de fadas dos velhos tempos e lendas heroicas – continha pontos de vista morais e filosóficos. Em cada campus universitário onde posso falar, há tanta discussão sobre guerra e paz, direitos civis e a chamada rebelião da juventude quanto há em nossas revistas da Marvel. Nenhum de nós vive no vácuo – nenhum de nós é intocado pelos eventos cotidianos que nos cercam – eventos que moldam nossas histórias da mesma forma que moldam nossas vidas. Claro que nossos contos podem ser chamados de escapistas – mas só porque algo é para se divertir, não significa que temos que cobrir nossos cérebros enquanto o lemos! Excelsior!”
E ainda antes desses textos, Stan Lee falou sobre o racismo! Ainda era 1968 e ele nos deixa um texto nobre:
“Vamos deixar isso claro. A intolerância e o racismo estão entre os males sociais mais mortais que assolam o mundo hoje. Mas, ao contrário de uma equipe de supervilões fantasiados, eles não podem ser interrompidos com um soco no focinho ou um disparo de uma arma de raios. A única maneira de destruí-los é expô-los – revelá-los como os males insidiosos que realmente são. O fanático é um odiador irracional – aquele que odeia cegamente, fanaticamente, indiscriminadamente. Se seu problema são os homens negros, ele odeia TODOS os homens negros. E se uma ruiva o ofendeu uma vez, ele odeia TODAS as ruivas. Se algum estrangeiro conseguir um emprego antes dele, ele está atrás de TODOS os estrangeiros. Ele odeia pessoas que nunca viu – pessoas que nunca conheceu – com igual intensidade – com igual veneno.
Agora, não estamos tentando dizer que é irracional para um ser humano incomodar outro. Mas, embora qualquer pessoa tenha o direito de não gostar de outro indivíduo, é totalmente irracional, patentemente insano condenar uma raça inteira – desprezar uma nação inteira – difamar uma religião inteira. Mais cedo ou mais tarde, devemos aprender a julgar uns aos outros por nossos próprios méritos. Mais cedo ou mais tarde, para que o homem seja digno de seu destino, devemos preencher o coração com tolerância. Pois então, e somente então, seremos verdadeiramente dignos do conceito de que o homem foi criado à imagem de Deus – um Deus que nos chama a TODOS – Seus filhos.
Pax et Justitia, Stan.“
E em último lugar, vou mencionar uma coluna de 1969, onde o autor vem falando então sobre o ódio:
“Por muitos anos, temos tentado, da nossa própria maneira desajeitada, ilustrar como o amor é uma força maior e muito mais poderosa do que o ódio. Agora, isso não significa que esperamos que você saia por aí todo serelepe, lançando flores em todos que passarem, mas queremos chegar a uma conclusão.
Consideremos três homens: Buda, Jesus e Moisés… homens de paz, cujos pensamentos e ações influenciaram incontáveis pessoas ao longo dos anos – e cujas presenças ainda marcam todos os cantos do mundo. Buda, Jesus e Moisés… homens de boa-vontade, de tolerância, e, especialmente, de amor.
Agora, considere aqueles que praticam o ódio, que mancharam as páginas da nossa história. Quem ainda venera os discursos deles? Onde estão as homenagens prestadas às suas memórias? Quais bandeiras são levantadas pelas causas deles?
O poder do amor – e o poder do ódio: Qual é mais duradouro? Diante do desespero, deixe a resposta te sustentar.“
Há o clássico vídeo gravado em 2017 por Stan Lee, um ano antes de seu falecimento, onde deixa claro que “a Marvel sempre foi e sempre será um reflexo do mundo logo depois de nossas janelas“. Ele também reforça que a Marvel produz histórias para todos “independente de sua raça, gênero, religião ou a cor da pele“. Enfim que é muito legal e assista ao vídeo legendado abaixo:
Dá para compreender que Stan Lee era um homem que abraçava a diversidade? E não, não era nem um pouco antiquado! Se hoje a Marvel possui tantos personagens diversos e aumenta a fileira de criadores diversos, é porque a atual editoria segue os mantras defendidos pelo autor. E se você ver alguém dizendo que o Stan Lee não apoiaria a Marvel atual, não hesite em enviar esse texto para essa pessoa, pois certamente essa pessoa não conhece de fato o trabalho do autor!
E ai galera, nos contem: então, o que vocês acharam disto tudo? Nos contem nos comentários!
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