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Gachiakuta: Um Anime Promissor que se Perdeu em Clichês e Decisões Questionáveis

Gachiakuta: Um Anime Promissor que se Perdeu em Clichês e Decisões Questionáveis

Estreando em 2025, a aguardada adaptação animada de Gachiakuta, obra original de Kei Urana, surgiu com uma proposta visual ousada, ambientação curiosa e uma premissa socialmente provocativa. No Brasil, a transmissão é feita pela Crunchyroll. Ambientado em uma cidade flutuante onde os mais ricos descartam não apenas lixo, mas também pessoas, o anime começa com um forte comentário sobre desigualdade, abandono e sobrevivência. Seu protagonista, Rudo, é um jovem marginalizado que, após ser falsamente acusado de assassinato, é lançado no chamado “Abismo”, um local infernal povoado por criaturas mutantes geradas a partir do lixo rejeitado pela elite. Lá, ele precisa despertar um novo poder e unir-se aos chamados Zeladores, indivíduos que lutam contra essas ameaças e tentam manter algum tipo de ordem nesse caos.

A premissa, por si só, é instigante, pois trás a ideia de um mundo dividido entre os que vivem nas alturas e os condenados que sobrevivem nos escombros do que é descartado. A expectativa era que Gachiakuta desenvolvesse sua crítica social em paralelo a uma história de crescimento pessoal e combates bem coreografados. Certamente era algo o que, inicialmente, parecia promissor. Contudo, à medida que os episódios avançaram, o anime mergulhou em uma espiral de clichês e decisões narrativas que comprometeram gravemente seu potencial.

Vários tropeços

O primeiro tropeço está justamente na construção do protagonista. Rudo é apresentado como alguém que teve uma vida difícil, marcada pelo preconceito e pela exclusão, mas que, apesar disso, mantinha valores éticos firmes. No entanto, sua transição de humano comum a “escolhido com poder especial” ocorre de maneira abrupta, previsível e sem grandes desafios internos. O espectador mal tem tempo de absorver o trauma de sua queda no Abismo antes que ele já esteja derrotando monstros gigantes com ataques poderosos. De onde ele tirou tanto ataque forte? Ele não era apenas rápido? A sensação é de que o roteiro optou pelo caminho mais fácil: em vez de desenvolver o personagem gradualmente, preferiu entregar um poder exagerado logo de início, alimentando uma narrativa rasa de superação artificial.

Outro ponto que contribui para o desgaste da experiência é o comportamento do próprio Rudo. É compreensível que protagonistas em animes shounen passem por momentos de impulsividade, insegurança ou ingenuidade. O problema é quando essas características se tornam definidoras e repetitivas, impedindo qualquer evolução significativa.

Óbvio, eu não espero que todos os protagonistas sejam super inteligentes, como uma Maomao de Diários de uma Apotecária. Entretanto, não precisa ter o tal QI negativo. Rudo grita constantemente, mesmo diante de ameaças óbvias e monstruosas. Ou seja, acaba chamando mais monstrões. Ele parece incapaz de compreender situações básicas de perigo, alertando seus inimigos com uma frequência que beira o cômico. E repito: a gente não espera que tod opersonagem seja um gênio tático como Lelouch de Code Geass ou uma super nerd como a citada Maomao, mas também não deseja acompanhar um personagem que parece tropeçar nos próprios gritos a cada cena de ação.

A estrutura narrativa também peca pela previsibilidade. Cada novo episódio parece seguir um molde já desgastado: Rudo encontra um novo monstro, entra em desespero, grita, apanha, descobre uma nova habilidade e vence no último segundo. A repetição dessa fórmula não apenas diminui o impacto dos confrontos, como esvazia a construção de tensão e a importância dos desafios. O universo riquíssimo de Gachiakuta, com seus monstros-lixo e a organização dos Zeladores, merecia uma abordagem mais criativa e menos dependente de fórmulas já ultrapassadas.

Em suma, Gachiakuta é um exemplo claro de como uma ideia promissora pode ser comprometida por escolhas narrativas preguiçosas e personagens pouco desenvolvidos. O anime entrega belas cenas de ação e um estilo visual marcante, mas isso não é suficiente para sustentar uma obra que prometia muito mais. Para quem esperava uma história impactante, reflexiva e diferente do habitual, a sensação é de decepção crescente a cada episódio. É uma pena ver um universo tão original afundar na mesmice.

 

Teaser

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Austra Caroline

Sou bacharel em Arqueologia e atualmente curso Jornalismo Digital. Tenho paixão pela escrita e pela construção de narrativas, com obras publicadas tanto na Amazon quanto gratuitamente na plataforma +Fiction. Sou fundadora da Universo Japanese Music e atuo como redatora profissional, com foco em conteúdos voltados para o universo nerd, geek e a cultura pop. Amante dos jogos de ação estilo Hack & Slash, tenho um carinho especial pela franquia Devil May Cry.

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